Por: Rosa Barreiros – Coordenadora Educacional do Colégio Ser!

No dia 28 de janeiro, o Colégio Ser! promoveu o encontro online entre Adriessa Santos e a comunidade escolar, para trazer, à luz da ciência, as mais recentes descobertas e constatações da neurociência aplicadas à educação.

Adriessa Santos é Mestre em Ciências pela USP, Especialista em Neurociência e Educação, MBA em Gestão Escolar pela USP, Educadora Sistêmica, Especialista na Moderna Educação pela PUC, Bióloga pela UMC e coordenadora de pós-graduação de Neurociência na Escola, do Instituto Singularidades, além de ser idealizadora e autora do blog “Neurociência na Escola”.

A neurociência se constitui de estudos científicos sobre o sistema nervoso e se tornou uma ferramenta em benefício do desenvolvimento da educação. A palestrante destacou que a neurociência, desta forma, traz entendimentos e diálogos sobre os processos de cognição, não estando, nela mesma, soluções práticas para o desenvolvimento e “aplicação” de estratégias e metodologias do ensinar e aprender. Também não se deve, segundo Adriessa, “biologizar” os processos, uma vez que os períodos de desenvolvimento de uma pessoa não seguem idades tão definidas, mas podem variar de uma para outra.

Adriessa, através de infográficos, ilustrações e neuroimagens apresentou, aos participantes da live, como os neurônios se comportam entre crianças recém-nascidas, e com idades entre 3 e 15 meses e 2 anos. É interessante notar que, diferentemente do que se pudesse pressupor, o número de neurônios não se amplia na mesma proporção que aumentam exponencialmente as conexões, as chamadas sinapses. E quanto mais conexões, maiores possibilidades de aprendizagem, segundo a pesquisadora.

“screenshot” da live referida, neste texto

Entendendo isso, o educador percebe que, se há um desenvolvimento significativo de conexões e se ampliam as possibilidades de aprender, é importante notar que qualidade se sobrepõe à quantidade, de forma que os estímulos devem ser considerados, mas não em número. Não se pode desejar que uma criança de 2 anos, por exemplo, tenha ampliada a quantidade de atividades de aprendizagem pois isso não garantirá melhor aproveitamento, mas é importante relevar que cada atividade estará, potencialmente ampliada nesta idade. Ou seja, hiperestimular não é desejável.

“Durante o desenvolvimento ocorre um aumento progressivo das conexões entre as células nervosas, formando circuitos cada vez mais intricados”, segundo Adriessa. Aos 15 anos, no entanto, ocorre a chamada “poda sináptica”, quando se enfraquecem as sinapse menos utilizadas, ou menos estimuladas. Essa poda, entretanto, é perfeitamente recuperável através da neuroplasticidade.

É comum que alguns pais se sintam felizes e radiantes com o fato de seu filho de 5 anos já saber ler e escrever. Agora, pergunte-se: qual a intencionalidade disso? Por que seria importante, para uma criança de 5 anos, saber ler e escrever se, de fato, nesta etapa do desenvolvimento, as primeiras regiões do cérebro a amadurecer são as sensoriais motoras? Nesta época, é muito importante que sejam valorizadas as atividades do brincar, com intencionalidade.

“screenshot” da live referida, neste texto

Desta forma, entende-se que reconhecer o desenvolvimento da criança, através das contribuições da neurociência, entender a importância da diversificação de estratégias para estímulos e consequente desenvolvimento das conexões e reforço são imprescindíveis para que possamos contribuir, enquanto família e escola para um crescimento pleno dos pequenos.