Por: Beto Cury – Professor de Arte do Colégio Ser!

E se, confinados em casa, a gente começasse a ter ideias?
De repente, poderíamos nos reconhecer nos pequenos traços, nas linhas de raciocínio, descobrindo novas formas de convivência.
Chegamos ao ponto.
Ponto, linha e forma nos levando à construção de conjuntos de atividades que antes eram apenas individuais.
A ideia de pegarmos folhas de papel e começarmos a riscar, nelas, com caneta, sem tirá-la do papel, pode provocar formas a que chamamos de aleatórias, mas que, simplesmente, podem gerar imagens abstratas.
Qual a semelhança desse abstracionismo com o que passa pela nossa cabeça, não sabendo quanto tempo ainda ficaremos presos em nós mesmos?
As semelhanças começam na necessidade de nos aproximarmos uns dos outros, familiares sempre, figuras da mesma origem que podem fazer juntos um livro para colorir.
O que os une é o mesmo comando.
Correr riscos.
Correr riscos sobre o papel de forma a montar uma composição cheia de espaços para serem coloridos.

Ilustração: Beto Cury

Pintados com a essência de cada um.
Um pinta mais leve, o outro aperta mais o lápis, uns fazem degradê, outros deixam todo espaço preenchido começando pelo contorno da forma.
Contornando o problema os mais velhos vão juntando as folhas umas sobre as outras.
Grudam com duréx, colam com cola branca, prendem com clipes, ou costuram com barbante.
Tanta diversidade de possibilidades devem levar as crianças às gargalhadas e a pensar novas formas de resolver os problemas com janelas.
Portas que acontecem quando as quatro paredes parecem aprisioná-las sem livros.
Ah! Os livros podem nascer assim nessa época de isolamento.
Renascer em novas páginas no futuro próximo será a resposta justa ao confinamento voluntário e sensato.
Parece sensato responder à pergunta feita no início desse texto.
E a resposta não se limita.
É múltipla, mas pode ser um livro para colorir esses momentos únicos e intransferíveis.
Esses tempos são assustadoramente artísticos.
Nesses e em todos os outros tempos a arte nos livre de viver sem livros, já que livre o coração nos Livraria.