Por Marcel Bartholo
É engraçado pensar em como a vida e a arte se conectam de formas bem diferentes ao longo da nossa estrada pessoal e, parafraseando Pablo Picasso, “a arte lava da nossa alma a poeira do cotidiano”.
Eu sou ilustrador, quadrinista, professor de desenho e, atualmente, trabalho com turmas de três segmentos diferentes: Ensino Fundamental Anos Iniciais, Anos Finais e Ensino Médio.
Em minhas aulas na eletiva de desenho artístico, busco desenvolver e estimular ferramentas de observação e coordenação motora fina, para que a criatividade de nossos alunos seja sempre aflorada.
Estudos já comprovaram que o desenho e o desenvolvimento cognitivo estão intimamente ligados. Sendo assim, no começo do ano trabalhamos alguns exercícios para “soltar o traço” e, logo em seguida, desenvolvemos o uso de formas geométricas como estrutura para criar personagens em geral. No mês de abril, abordamos um pouco sobre figuras humanas, para trazer proximidade às aulas, enquanto no mês de maio o foco é voltado para desenhos de animais.
A escola é um ambiente que precisa ir além da sala de aula, ela deve proporcionar a possibilidade do aluno de desenvolver habilidades artísticas, não como forma de competitividade, mas sim como parte da expressão pessoal sobre vida, sentimentos e reconhecimento como indivíduo, porque diferente da escrita o desenho permite expressar ideias e experiências de uma maneira não verbal.
Tendo isso em mente, partimos de referências pessoais dos alunos e referências de cartuns, para intercalarmos aulas lúdicas de criatividade experimental com outras aulas mais focadas na observação e estruturas formais do desenho. Utilizamos a dinâmica de observação de fotos, onde elas ficam expostas por quantidades de tempo variadas, começando com desenhos muito rápidos de apenas 30 segundos, e progressivamente evoluindo para imagens onde os alunos podem desenhar em 5 minutos e até mesmo 10 minutos. Este treino causa nos alunos uma satisfação notável na evolução do traçado e na observação e compreensão das formas, melhorando nitidamente a autoestima.
Em um dos nossos últimos encontros, fizemos um trabalho de criatividade, com calma e tempo. A ideia era brincar com possibilidades, onde os alunos pudessem criar seus “animais imaginários”, misturando formas e conceitos de diferentes fotos sugeridas como referências. E particularmente acho que nada se compara à criatividade infantil, ainda mais quando estimulada.
Essa experiência tem sido divertida de conduzir, principalmente observar a jornada de aprendizagem dos alunos, porque a arte é expressão, mas também é concentração, raciocínio lógico e interpretação.
E aí, vamos desenhar?
Convidado a todos a participar de uma oficina incrível, no Sesc Sorocaba, chamada “Ilustradoria”, que acontece todas as últimas quintas-feiras do mês, de forma totalmente gratuita. A ideia é misturar os públicos, profissionais e aspirantes ao desenho a compartilharem conhecimentos e experiências, por meio das trocas. Venha desbravar o universo da arte!