Por: Otávio Vargas (Tota) – Professor de Física – Colégio Ser!

A presidente executiva do “Todos pela educação”, Priscila Cruz, no programa do Roda VIVA (TV Cultura) em 13 de abril, disse que em tempos de pandemia não há respostas exatas sobre o que irá acontecer com a educação e, também, aqueles que as derem estarão apenas especulando.

Por isso, a razão deste artigo: propor questionamentos sobre a educação, sem especulações, de um ponto de vista tecnológico e de maneira otimista. Neste momento, percebemos a necessidade de transitar, com fluência, por diversas ferramentas que há décadas seriam dignas de filme de ficção. Porém, vale lembrar, que, hoje, as crianças, desde a mais tenra idade, aprendem a interagir com tablets e celulares, antes mesmo de pronunciar suas primeiras palavras.

Dessa forma, em períodos de quarentena, até mesmo as pessoas que abominavam o uso da tecnologia estão presas a ela dia após dia, como: TV a cabo, Netflix, Spotify (Cultura), Zoom, Whatsapp (Comunicação), Facebook, Instagram, Twitter e TikTok (Redes Sociais), este último utilizado por um público mais jovem. Tem-se que confessar que estas são as novas realidades em que vivemos e ignorar os futuros impactos desse convívio seria um ato leviano. Em um período pós-pandemia, podemos esperar a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias, novas maneiras de se relacionar com elas.

Estas tecnologias são, atualmente, dissociadas da realidade dos estudantes no processo de aprendizado, ou seja, pouco se caminhou a respeito da interação com a tecnologia no cotidiano de discentes, docentes, gestores e responsáveis. Vale salientar que não seria uma revolução educacional substituir os cadernos pelos tablets, o giz pela lousa digital, a sala de aula pela videoconferência ou apenas implementar meios de comunicação eficientes. Percebe-se que estes adventos vêm como ferramentas para facilitar o que antes já era feito com baixo rendimento dentro das escolas.

Assim, vale questionar as seguintes abordagens curriculares: I) o aluno deve adequar-se ao modelo de ensino tradicional?; II) a escola deve se adaptar à realidade das novas interações tecnológicas? ou, uma perspectiva menos dicotomizada; III) Ambos devem estar dispostos a encontrar um meio termo, no qual o choque de gerações não seja traumático para ambos (discente e docente)?

A última opção exige que o estudante seja protagonista no seu processo educativo, que colégios e responsáveis trabalhem em conjunto no processo educacional, que a academia (faculdades) realize uma linha direta de comunicação, trocas de experiências pedagógicas e que, principalmente, haja engajamento por parte dos profissionais e responsáveis envolvidos.

Há afirmações que podem ser abominadas como: “esta é uma geração perdida”, “a educação está perdida” ou, o pior de todas, “não há mais esperança”. As gerações estão diferentes, com novas necessidades, novas relações com um mundo que está em constante mudança.

Desistir não é uma opção, pois um simples raciocínio pode vislumbrar um mundo que desvaloriza o professor e o ensino: sem educação não temos mais jornalistas, médicos, advogados, pesquisadores, engenheiros, professores, enfermeiros entre outras profissões essenciais. A implicação, em caso de negligência, para um futuro próximo é clara: colapso. Necessitamos de bons profissionais para evoluir e manter a sociedade que conhecemos, ou ainda mais audacioso, melhorá-la.

Com essa reflexão, a principal pergunta é: “Qual é o caminho que devemos tomar?”. Para que a educação progrida é necessário que os métodos educacionais (os quais são uma ciência complexa) levem em consideração as mudanças tecnológicas, em outras palavras, desenvolvam novas metodologias no mesmo passo em que a interação dos jovens no mundo digital avança, estratégia que com certeza demandaria muito investimento e energia.

Apesar de este artigo não trazer respostas, no entanto traz questionamentos pertinentes e atuais. Desse modo, para finalizar com uma ideia, no mínimo utópica, imagine um método cujo discente estude e aprenda (de maneira significativa) com o mesmo prazer que visualiza os stories de seu Instagram, obviamente não com a mesma superficialidade. Claro que a tecnologia pode ter como frutos improdutividade e procrastinação, ou seja, mal-uso. Questões que demandam a necessidade de uma educação digital (tema para um próximo artigo). Isto posto, a implementação da tecnologia na educação não deve ser rejeitada e, se utilizada de maneira produtiva, sem preconceitos e com consciência, pode trazer muitos benefícios para nosso futuro e para a educação.