Ateliê “Aprendi com a História” – Giulia, Valentina e Victória – 7.º Pau-brasil

“Excomunhão”

A história documental do processo de excomunhão de Martinho Lutero

Pode-se definir a excomunhão como afastar uma pessoa batizada da comunhão dos fiéis da Igreja Católica e do acesso aos Sacramentos. A Igreja Católica Apostólica Romana celebra como sete os Sacramentos, que são: Batismo, Confirmação do Batismo ou Crisma, Eucaristia, Reconciliação ou Penitência, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio. … O Sacramento Católico é um ato ritual destinado aos fiéis, para eles receberem a graça de Deus, e situações da vida cristã.

A Enciclopédia Católica afirma que a excomunhão, “sendo uma pena, supõe a culpabilidade; e sendo a pena mais grave que a Igreja pode infligir, naturalmente supõe uma ofensa muito grave. É também uma pena medicinal em vez de vingativa, pois está destinada não tanto a castigar o culpado, mas para corrigi-lo e trazê-lo novamente ao caminho da retidão”.

O Cardeal Mauro Piacenza, Penitenciário Mor da Santa Sé (2016), explicou em uma ocasião que o objetivo da excomunhão é “levar os culpados ao arrependimento e à conversão”. “Com a pena de excomunhão, a Igreja não tenta de nenhuma maneira restringir o campo da misericórdia, mas simplesmente se evidencia a gravidade do crime”, assinalou.

Por que se é excomungada? A excomunhão é um dispositivo punitivo da Igreja e vai além de simplesmente restrição ao acesso à Sagrada Comunhão. Também repreende publicamente, como especifica o Código de Direito Canônico, uma pessoa “de cujo comportamento surja escândalo ou grave perturbação da ordem”, como assinala o cânon 1339, parágrafo 2.

A causa de excomunhão acontece explicitamente “aos que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto”, precisa o cânon 915. A Igreja toma esta medida extrema somente depois que fracassarem todos os outros esforços para corrigir fraternamente. Alguns viam a excomunhão como uma maneira de trazer católicos erráticos ao bom caminho.

Alguns casos emblemáticos de excomunhão na Igreja

Na Igreja primitiva, Santo Ambrósio, Bispo de Milão, usou a ameaça de excomunhão contra o imperador Teodósio I pela matança de 7.000 pessoas em Tessalônica. Disse ao imperador que imite o rei Davi em seu arrependimento e o readmitiu à comunhão depois de vários meses de penitência.

Na Idade Média, o Papa Gregório VII excomungou o imperador romano Henrique IV sobre muitos temas em disputa, um dos quais foi a tentativa de Henrique de derrubar Gregório do papado. A excomunhão de Henrique causou um efeito profundo na Alemanha e na Itália.  

Em resposta, Henrique se sentiu obrigado a viajar à Canossa e esperar na neve durante três dias; onde fez penitência e finalmente foi absolvido da excomunhão. Na Europa medieval, onde quase todo mundo era católico, o imperador necessitava da Igreja e, portanto, a excomunhão era eficaz.

O Renascimento foi uma época muito diferente na vida da Igreja e as pessoas não levavam tão a sério a excomunhão. No século XVI, a excomunhão de Martinho Lutero, Henrique VIII e Isabel I gerou um efeito reduzido a nível pessoal ou sobre seus seguidores. O uso desta como uma arma gerou simpatia ao ofensor e frequentemente conduziu a um respaldo à dissidência.

O teólogo Leonardo Boff

Mais recentemente, em 1988, foi excomungado o Arcebispo francês Marcel Lefebvre (que faleceu excomungado), o qual ordenou quatro bispos sem permissão do Papa.

O teólogo Leonardo Boff, um dos maiores críticos brasileiros ao comportamento recente da Igreja Católica e expoente da Teologia da Libertação, por muito tempo imaginou-se ter sido expulso da Igreja, nos anos 80, por criticar sistematicamente a hierarquia da religião, segundo a Revista Época, de outubro de 2018. Doutor em Filosofia e Teologia pela Universidade de Munique, Boff defende que os principais motivos da grande perda de fiéis da Igreja Católica para as evangélicas e pentecostais no Brasil é o reduzido número de padres devido ao celibato clerical, os escândalos de pedofilia na Igreja Católica e a ineficácia em punir os padres pedófilos e o fato de a Igreja ter uma visão muito abstrata da realidade. Uma linguagem que o povo não entende direito.

Em post no Twitter em outubro de 2018, Boff diz: “Nunca fui excomungado ou expulso da Igreja. Ganhei um ‘silêncio obsequioso’ por causa do livro: IGREJA:CARISMA E PODER, depois suprimido pessoalmente pelo Papa João Paulo II. Voltei ao estado leigo com todas as permissões. Não sou mais padre, sou leigo, faço ainda teologia.”

Em 2009, Bento XVI levantou a excomunhão que pesava sobre eles e desde então as negociações entre ambas as instituições continuaram a fim de “reencontrar a plena comunhão com a Igreja”.

Neste ano de 2016, o Papa Francisco assinalou que dar-lhes o status de prelatura pessoal seria uma possibilidade, mas dependerá de um acordo fundamental porque “o Concílio Vaticano II tem seu valor”.

Outro exemplo contemporâneo de uma excomunhão aconteceu em 2010, quando a Irmã Margaret McBride autorizou um aborto no hospital católico de Phoenix. Mais tarde, a religiosa se reconciliou com a Igreja e sua pena foi perdoada.

O caso mais atual ocorreu em 2016, durante o Pontificado do Papa Francisco, com a excomunhão da autodenominada “Igreja Cristã Universal da Nova Jerusalém”, fundada na Itália pela suposta vidente Giuseppina Norcia e que atua em Galliano, uma pequena localidade ao sudeste de Roma.

O Vaticano determinou que “aqueles que aderirem à tal associação incorrem na excomunhão ‘latae sententiae’ pelo delito de cisma”. 

Fonte 1: https://www.acidigital.com/noticias/que-e-excomunhao-na-igreja-catolica-13197

Fonte 2: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI172828-15227,00-LEONARDO+BOFF+JOAO+PAULO+II+E+BENTO+XVI+AFASTARAM+A+IGREJA+DO+MUNDO.html